A antropóloga Niède Guidon revolucionou a pesquisa sobre a origem do ser humano nas Américas. A conclusão da brasileira é que a povoação do continente americano começou muito antes do que as teorias tradicionais apontam.
A antropóloga Niède Guidon em imagem de 2016- Divulgação/TV Brasil 4f15j
“Nós temos fogueiras encontradas na base rochosa do sítio da Pedra Furada (no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí) e ferramentas de pedra lascada (...) de 120 mil anos, o que mostra que os homens já estavam aqui nessa época”, explicou a pesquisadora em entrevista ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, em 2016.
Ainda segundo ela, os primeiros habitantes do continente não chegaram na região pelo Estreito de Bering (canal entre a Sibéria e o Alasca que liga os oceanos Ártico e Pacífico), como aponta a teoria clássica, e sim pela África, atravessando o Oceano Atlântico.
“O Atlântico, nessa época, estava 60 metros abaixo do nível de hoje. Havia muitas ilhas e a agem era muito fácil. Inclusive, na América existem macacos que vieram da África. Se os macacos aram, por que os homens não aram?”, perguntou a brasileira.
Paulista, Niède Guidon morou e trabalhou boa parte da vida no Piauí. As pesquisas que fez na Serra da Capivara permitiram o desenvolvimento de suas próprias teorias e a formação de uma legião de novos profissionais. Além disso, foi graças à estudiosa que o local virou Parque Nacional e patrimônio cultural da humanidade.
A Serra da Capivara é patrimônio cultural da humanidade - Divulgação/TV Brasil 732n4b
A pesquisadora brasileira faleceu nessa quarta-feira (4/6), aos 92 anos. O velório foi aberto ao público, e o enterro foi a familiares e amigos próximos. E como prova de que adotou o Piauí como lar, ela foi sepultada no quintal de sua casa, no município de São Raimundo Nonato.
Em homenagem à Niède Guidon, a EBC mostra novamente o episódio que foi ao ar em 2016. O programa “Pré-história brasileira: um tempo a ser descoberto” será exibido nesta segunda-feira (9/6), às 23h, na TV Brasil.
Ficha técnica
Reportagem: Carlos Molinari e Mariana Fabre
Reportagem cinematográfica: André Rodrigo Pacheco
Auxílio técnico: Dailton Matos e Edivan Viana
Produção: Mariana Fabre
Edição de texto: Flavia Lima
Edição de imagem e finalização: André Eustáquio
Arte: Antonio Trindade
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